Campanhas de sensibilização entre os mais jovens.


Os alunos devem ter consciência dos seus deveres perante os animais domésticos e ser sensibilizados para a adopção em centros de recolha.


As campanhas de sensibilização educacionais devem ser dirigidas para os mais jovens, de forma que estes compreendam a problemática do abandono de animais domésticos. Por isso, os alunos devem ser educados, desde cedo, para se tornarem donos responsáveis dos seus animais, que, abandonados, constituem um perigo para a saúde pública. Esta sensibilização poderia contribuir para inverter a situação que se verifica actualmente nos canis municipais, agora denominados Centros de Recolha Ofi cial (CROAs), onde são entregues os milhares de animais vadios, recolhidos todos os anos das ruas pelas autarquias.

Existe um número crescente de CROAs em Portugal que pretende realizar actividades de educação com alunos, sob orientação do respectivo médico-veterinário municipal, pelo que bastará que aescola entre em contacto com o mesmo para delinearem a estratégia a seguir.

Possibilidade de adopção em Centros de Recolha

O ponto principal das campanhas reside na aprendizagem da forma correcta de manter os animais no lar. Pretende-se, assim, formar futuros donos responsáveis, não só com o objectivo de evitar o abandono dos animais ou de possíveis ninhadas, mas também de diminuir os factores de risco que contribuem para a prevalência de animais errantes. Nos alunos que não possuem animais e desejam adquirir um, deve ser incutida a ideia de que ter um cão ou um gato acarreta responsabilidades. Ao mesmo tempo, devem ser sensibilizados para a necessidade dar preferência à adopção em centros de recolha, evitando a compra.

Actividades de sensibilização com animais nos CROAS

A sensibilização dos alunos em relação à necessidade de se tornarem donos responsáveis poderá ser concretizada através da realização de actividades, nos próprios CROAs, que promovam o contacto directo entre os alunos e os animais. Ao contrário do que se possa pensar, a deslocação aos CROAs não ficará marcada pela visualização de sofrimento animal, outrora associado aos canis municipais. Na realidade, verifica-se uma progressiva melhoria das condições de bem estar nestes locais, associada a uma componente sensibilizadora dos aspectos que devem ser mudados nas próximas gerações e, para melhorar o resultado fi nal da experiência, promove-se a troca de afectos entre os alunos e os animais. Em Valongo, realiza-se, desde 2004, este tipo de actividades com as escolas, que consistem, de forma sucinta, numa apresentação na aula sobre como bem cuidar dos animais e, posteriormente, numa parte prática, com a lavagem e escovagem dos mesmos.

Caso seja impossível ao professor deslocar-se com os seus alunos, uma das nossas equipas poderá visitar a sua escola, complementando esta visita com o incentivo aos jovens para ocuparem os seus tempos livres cuidando de animais vadios nos CROA ou em associações de defesa animal. Para mais informações, consultar: Iniciativas do Centro Veterinário Municipal de Valongo (CROA): http://centrovetvalongo.fotopages.co/

Abordagens na sala de aula

Como este tema é recebido com interesse pelos alunos, em alternativa, poderão ser experimentadas outras abordagens, por exemplo em Área de Projecto, de acordo com a faixa etária e o nível de escolaridade: realização de uma campanha de adopção, venda de artesanato fabricado por alunos para compra de bens em falta no CROA, recolha de cobertores, gravação de um anúncio publicitário para divulgação na rádio, concurso de frasessobre o abandono, entre outras.

Com os alunos do ensino secundário, é possível abordar temas mais delicados e sensíveis, que se relacionam com o controlo reprodutivo. Os jovens serão assim sensibilizados para a real situação com que se debatem os CROAs de excesso de população animal. Como exemplo, este ano, num projecto com uma turma da Escola Secundária de Ermesinde, foram angariados fundos para a compra de uma casota através de uma venda de artesanato (cães e gatos de pano) elaborado pelos alunos, e, no fi nal, foram realojados doze animais, através de uma campanha de adopção realizada num parque urbano.

Terapia por animais

De uma forma mais especializada, iniciou-se igualmente em Valongo um projecto de terapia assistida por animais com uma turma de ensino especial, através de um protocolo de aulas regulares. Ao fim de dois anos, obtiveram-se melhorias notórias no afecto eligação entre estes alunos e animais.

Texto e fotografia de Fernando Rodrigues, Médico-veterinário municipal de Valongo.
Fonte: Noesis

Sem comentários:

Enviar um comentário